HISTORICO DA LINHA:
Em 1616, quando Francisco Caldeira Castelo Branco aportou em Belém,
já lá encontrou comerciantes batavos e ingleses. Com a cidade já
estabelecida, açorianos também ali se instalaram e com isso outros
núcleos foram surgindo, como Souza do Caeté, a futura Bragança.
Para prover o abastecimento da região, já existia a cidade de São
Luiz, no Maranhão, mas as comunicações por mar, por terra e por
via fluvial eram difíceis. Ao longo do caminho, formaram-se pequenos
povoados, como Castanhal, Igarapé-Açu, Timboteua e Capanema.
Somente no último quarto do século 19 é que o Governo Provincial
resolveu-se pela construção de uma estrada de ferro na região,
quando esta já tinha produção agrícola razoável, mas uma imensa
dificuldade de escoamento. A ferrovia deveria ligar Belem a São
Luiz. Em 1870 já havia negociações nesse sentido. Após várias
demoras e desistências, a obra começou em meados de 1883. Em 24 de
junho de 1884 foi inaugurado o trecho inicial até a colônia de
Benevides e em 1885, a Apeú. O trecho seguinte até Jambu-Açu, a
105 km de Belém, foi completado em 1897. Até 1907, a ferrovia
avançou mais 31 km e em 1908 chegou a Bragança, seu objetivo mais
importante: a essa altura, São Luiz era já um sonho numa estrada
que não atingia 300 km de extensão. A ferrovia, sempre deficitária,
tentou-se arrendar em 1900, mas, como o desenvolvimento na região
por ela percorrida compensava os prejuízos, resolveu-se por um
empréstimo externo no valor de 650 mil libras esterlinas.
Finalmente, em 1923, a ferrovia foi repassada para a União e o
Estado tornou-se seu arrendatário até 1936. A partir daí, passou
de vez para administração federal. Em 1965, em péssimas condições
de operação, fechou de vez.
A ESTAÇÃO: A estação de Apeú
foi inaugurada como ponta de trilhos em 1885. Nessa época, com 68
quilômetros de extensão (quilometragem da época) e ainda longe de
ser terminada, afastou-se o concessionário original da mesma - não
foram alcançados os resultados previstos em matéria de rendimento
econômico previstos no contrato, que também previa por parte do
concessionário a colonização por meio de imigração - e a
ferrovia passou a ser administrada pelo próprio dono, o Governo da
Província do Pará, que nomeou um empreiteiro para continuar a obra.
Em 1896, o quadro de estações e paradas da linha era
este.
A linha chegava até Castanhal
e tinha oito estações. A de Belém
era a 1a e a de Apeú,
a 7a. Havia ainda 16 paradas, tudo isso em 75 km de linha-tronco
(Folha do Norte, 29/2/1896).
Diante do insucesso da colonização, o próprio Governo leva e
instala, a 7 de setembro de 1886, 108 colonos açorianos, destinado à
colônia Araripe, em Apeú. Porém, levados pelo trem
até o local onde deveria ser instalada a colônia, os colonos
recusam-se a desembarcar, alegando falta absoluta de providências
para alojá-los condignamente. Foram levados então de volta para
Belém onde se dispersaram por completo. Com isto, somente
oito anos depois se instalou a primeira colônia da região
bragantina, a de Benjamin Constant, que, na época, estava bem
longe do final dos trilhos. A velha estação do Apeú estava
de pé em 2008 e virou mercado. Mas as telhas não eram as originais,
francesas. Em frente a ela há uma casa coberta com telhas que parece
com as da antiga estação. A referida casa é mais antiga do que a
própria estação. Pertence a um dos primeiros moradores, filho de
portugueses que vieram dar com os costados por aqui, e que cobriram
sua casa com telhas francesas também. As telhas da antiga estação
do trem foram retiradas na última reforma aviltante que realizaram
neste pequeno pedaço da história de Castanhal.
Descaracterizaram os aspectos originais da antiga estação do trem.
Assim, as telhas originais do agora mercado foram retiradas e os
moradores também se perguntam até hoje para onde as levaram.
09/07/2014 - Mais: Estações Ferroviárias do Brasil
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