quarta-feira, 21 de maio de 2014

*CAMPOS DE CASTANHAL*

Delimitação territorial para provável batalha terrestre-fluvial:

Voltando à discussão em torno da origem do topônimo“Campos de Castanhal”, que é muito antiga, concluímos que ela refere-se, equivocadamente, a uma área para engorda de gado. Ora, segundo Rocha Penteado, que sobrevoou a região de Castanhal antes da devastação, quando a Estrada de Ferro de Bragança estava em construção existiam capoeirões e matas na região, mas não campinarana, ou falsas campinas – uma espécie de pasto natural – como se propalou anteriormente. A vegetação mais rasteira, que existia, era a macega, composta por ervas daninhas. O gado não sobreviveria neste ambiente.
O pesquisador Rubens Lima diz que a altura que a vegetação apresentava, quando inexplorada, com exceção da macega era mais ou menos uniforme e que atingia a média de 23 metros na região de Castanhal. Esta paisagem não poderia prestar, para a pastagem!



1. CARTOGRAFIA FRANCESA

Como já vimos o topônimo “Campos de Castanhal” deriva de velhos mapas franceses da região.
Durante a invasão francesa no Brasil, comandada pelo capitão Daniel de La Touche – o Senhor de La Ravadière – houve uma profunda investigação da costa paraense, sobretudo na região entre dois rios: Gurupi e Capim.
Belém, capital do Pará, teve como princípio o Forte do Presépio, construído pelos portugueses para proteção do território contra invasões europeias. Toda Amazônia era comandada a partir de Belém, região conhecida como Grão-Pará. Um imóvel, a Casa Rosada, localizado na Rua Siqueira Mendes, em Belém, foi construída por Mateus José Simões de Carvalho, da junta extraordinária de defesa do Grão-Pará contra uma possível invasão francesa.
Pouco tempo após a chegada dos primeiros portugueses ao litoral brasileiro, os franceses já marcavam sua presença na região, desde a foz do Rio Amazonas. Tendo à frente Daniel de La Touche fundaram, em 1612, na atual São Luiz do Maranhão, uma colônia que chamara de França Equinocial. Dali seriam expulsos, três anos depois. Em 1616 perderiam seu último território – o Pará.
Ciente das dificuldades para a ocupação do Grão-Pará, como a inexistência de caminhos regulares e seguros, a política filipina (ocupar o Litoral Setentrional nos reinados de Filipe II, Filipe III e Filipe IV) assumiu como finalidade principal, por meio da guerra e da colonização, garantir o monopólio ibérico na área. Após a expulsão dos franceses, Gaspar de Souza, governador-geral do Brasil, substituiu Jerônimo de Albuquerque por Alexandre de Moura que, entre outras medidas, preparou uma expedição militar para expulsar franceses que se tivessem estabelecido no Grão-Pará.
Também seguiram na expedição o piloto Antônio Vicente Cochado e o famoso prisioneiro francês Charles des Vaux. Este conhecia bem o do território e havia disseminado a ideia de estabelecer uma colônia entre nós. Sua estada na região foi facilitada por Jacques Riffault, que fazia viagens regulares havia alguns anos e que perdera ali um de seus navios sendo obrigado a deixar parte de sua tripulação. Des Vaux fez amizade com Uirapive – chefe indígena com quem Riffault tinha selado aliança – daí o seu grande conhecimento sobre o território.
Os franceses, que visitavam Bragança desde 1613, traçaram mapas geográficos detalhados e aplicaram a nomenclatura cartográfica da época: para sinalizar área às proximidades de curso d’água usavam o termo “campo”(champ), com a sinalização para campo de batalha, uma vez que a finalidade da demarcação cartográfica era, primordialmente, militar.
Le Champ de Bataille Castanhal”, “Champ Militaire Castanhal” ou simplesmente “Le Champ de Castanhal” em verdade era uma referência mapeada de um ponto estratégico regional.
 
Então, “Campos de Castanhal” foi uma delimitação territorial, assinalada como espaço onde poderia ser travada uma provável batalha terrestre-fluvial. Por isso as referências principais, para o mapeamento das regiões, eram rios. Isto depois serviu de base para acertar os limites territoriais. Esta disposição deriva da “Carte de La Partie Septentrionale du Bresil”, elaborada por um engenheiro de Hidrografia.

Nossa região foi tomada dos franceses pelos portugueses que, com os mapas dos inimigos conquistados e ajudados pelos índios Tupinambá, criaram uma nova topografia onde imprimiram seus próprios topônimos.
Importa mencionar as obras de João Teixeira Albernaz I, o mais notável cartógrafo português do Século XVII, de quem se conhece maior quantidade de cartas, merecendo destaque, desde logo, as vinte e uma cartas no códice “Livro que dá rezão do Estado do Brasil”, de 1626 e os seus atlas do Brasil (1627 e 1631). Seu neto e homónimo, João Teixeira Albernaz II, foi autor de vária cartografia do Brasil, entre 1665 e 1681, conforme descreve “PORTVGALIAE MONVMENTA CARTOGRAPHICA” da autoria de Armando Cortesão e Avelino Teixeira da Mota (Lisboa, 1960). Deve-se a Jaime Cortesão o interesse crescente, nos últimos anos, pelas obras dos Teixeiras, explanadas em vários trabalhos, mas, sobretudo no “Curso de História da Cartografia, Geografia das Fronteiras do Brasil” e na “História do Brasil nos Velhos Mapas”.
 
Existiram dois projetos de fortificação do Pará, ambos datados de 1773 e da autoria de João Gronsfeld. Um foi feito pelo método simples e outro pela forma complexa, incluindo a região adjacente, principalmente os cursos d’água já que estes dariam suporte ao principal meio de transporte bélico da época.
(Exraído do livro “A GRANDE HISTÓRIA”, Origens Cultural Editora)

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